Poesias Infantis


O Cavalinho Branco

À tarde, o cavalinho branco está muito cansado:
mas há um pedacinho do campo
onde sempre é feriado..

O cavalo sacode a crina
loura e comprida
e nas verdes ervas atira
sua branca vida.
Seu relincho estremece as raízes
e ele ensina aos ventos
a alegria de sentir livres seus movimentos. Trabalhou todo o dia, tanto! Desde a madrugada! Descansa entre as flores, cavalinho branco, de crina dourada.


Cecília Meireles





O menino azul


O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.

O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
- de tudo o que aparecer.

O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.

E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.

(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)
Cecília Meireles


O Girassol


Sempre que o sol Pinta de anil Todo o céu 
O girassol
 Fica um gentil Carrossel.
O girassol é o carrossel das abelhas.
Pretas e vermelhas 
Ali ficam elas
 Brincando, fedelhas Nas pétalas amarelas. — Vamos brincar de carrossel, pessoal?— "Roda, roda, carrossel,oda, roda, rodador,vai rodando, dando mel Vai rodando, dando flor".
— Marimbondo não pode ir que é bicho mau!
— Besouro é muito pesado!
— Borboleta tem que fingir de borboleta na entrada! 
— Dona Cigarra fica tocando seu realejo!

— "Roda, roda, carrossel Gira, gira, girassol Redondinho como o céuMarelinho como o sol". 
E o girassol vai girando dia afora . . .
 
O girassol é o carrossel das abelhas.









Ou isto ou aquilo. Ou se tem chuva ou não se tem sol, ou se tem sol ou não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel, 
ou se põe o anel e não se calça a luva!
 
Quem sobe nos ares não fica no chão,

Quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa estar
ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou guardo dinheiro e não compro doce,
ou compro doce e não guardo dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda qual é melhor,
Se isto ou aquilo.
Cecília Meireles



                                                                         No Jardim

De um em um
vou colhendo
os balõezinhos dos beijos.
Parecem cápsulas
estufadinhas
e ploc... plec ... ploc...
vão estalando,
como se fizessem
uma revolução
dentro da minha mão.

Tão pequeninas,
as sementes
são como pontinhos
e se espalham
tantas, tantas,
mais de um milhão.

— Sossega, Seu Balãozinho!
— Fiquem quietinhas!—
digo às sementinhas,
pois, no quintal
de meu vizinho
elas vão formar
um novo beijal.

Cleonice Rainho



As Borboletas

Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas 
Brincam Na luz As belas Borboletas 
Borboletas brancas 
São alegres e francas. 
Borboletas azuis Gostam muito de luz.
As amarelinhas
São tão bonitinhas! 
E as pretas, então . . . 
Oh, que escuridão!



Vinícius de Moraes




O relógio
Passa, tempo,
tic-tac Tic-tac,
passa, hora

Chega logo,
tic-tac Tic-tac,
e vai-te embora
Passa, tempo Bem depressa
Não atrasa Não demora 
Que já estou Muito cansado
Já perdi Toda a alegria 
De fazer Meu tic-tac
Dia e noite Noite e dia 
Tic-tac Tic-tac Tic-tac . . .
Vinícius de Moraes



As Abelhas


A AAAAAAAbelha mestra
E aaaaaaas abelhinhas
Estão tooooooodas prontinhas
Pra iiiiiiir para a festa.
Num zune que zune
Lá vão pro jardim
Brincar com a cravina
Valsar com o jasmim.
Da rosa pro cravo


Do cravo pra rosa
Da rosa pro favo
Volta pro cravo.
Venham ver como dão mel
As abelhinhas do céu!